A crise legislativa da Câmara Municipal de Mossoró voltou a ganhar destaque após mais um esvaziamento do plenário nesta quarta-feira (26) LINK AQUI. Em reação direta ao comportamento recorrente da base governista, o vereador Cabo Deyvison anunciou que vai propor um projeto de lei para descontar do salário os vereadores que faltarem às sessões sem justificativa.
A iniciativa surge no momento em que a Casa enfrenta não apenas a ausência de parlamentares, mas também uma série de escândalos e denúncias envolvendo a gestão municipal.
Esvaziamento é estratégia antiga da base do prefeito Allyson Bezerra
A tática de esvaziar o plenário não é novidade. Desde o primeiro ano da gestão do prefeito Allyson Bezerra, sempre que surge um problema grave, denúncia ou qualquer embaraço para o governo, a base governista simplesmente não comparece às sessões.
Foi exatamente o que ocorreu hoje:
Enquanto Mossoró amanhecia sem ônibus, devido ao atraso nos repasses da Prefeitura às empresas de transporte público, 14 vereadores não apareceram.
Sem quórum, a sessão foi encerrada antes de começar.
Dos governistas, só compareceram Raério Cabeção e Ozaniel Mesquita, que chegou a declarar oficialmente a impossibilidade de realização dos trabalhos.
População fica sem respostas — de novo
A sessão desta quarta-feira também seria espaço para moradores de Pedra Branca, que iriam cobrar solução para a água contaminada na comunidade.
Sem quórum, não houve debate, não houve resposta, não houve Câmara.
Novo escândalo aumenta pressão: contrato milionário sob suspeita
Para além da crise no transporte público, outra denúncia ganhou força nesta semana:
Um contrato de quase R$ 2 milhões para a decoração natalina de Mossoró está sob mira da oposição.
Segundo relato divulgado pelo próprio Cabo Deyvison, a empresa vencedora da licitação não estaria executando os serviços, que estariam sendo realizados por equipes da própria Prefeitura — um cenário que pode indicar irregularidade grave, caso seja confirmado.
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A suspeita faz aumentar o desgaste da gestão e, segundo vereadores da oposição, motivou ainda mais o esvaziamento da base, que evita enfrentar o tema no plenário.
Salário integral, presença parcial
Mesmo diante das faltas constantes, os vereadores continuam recebendo R$ 17 mil mensais, além de toda a estrutura da Casa.
Os dias de sessão somam pouco mais de dez horas por semana — e ainda assim parte significativa dos parlamentares sequer comparece, especialmente quando o assunto envolve desgaste para o Executivo.
Para Cabo Deyvison, isso é incompatível com o compromisso público:
“Se o vereador falta, o salário tem que ser descontado. É assim em qualquer emprego. Aqui não pode ser diferente.”
Projeto quer quebrar ciclo de impunidade
A proposta anunciada pelo vereador pretende criar um mecanismo legal que obrigue o desconto automático do salário em caso de faltas não justificadas, reduzindo o que ele considera uma cultura de impunidade e omissão dentro da Casa.
A medida também busca impedir que esvaziamentos deliberados continuem funcionando como instrumento político para proteger o governo de debates incômodos.
Até quando Mossoró aceitará?
Com transporte público parado, denúncias sobre licitação milionária e reuniões encerradas antes de começar, a população de Mossoró assiste a um Legislativo fragilizado, ausente e submisso.
E enquanto os vereadores continuam faltando — e recebendo — resta a pergunta:
Até quando Mossoró vai continuar pagando caro por um Parlamento que não aparece para trabalhar?
