A crise legislativa da Câmara Municipal de Mossoró voltou a ganhar destaque após mais um esvaziamento do plenário nesta quarta-feira (26) LINK AQUI. Em reação direta ao comportamento recorrente da base governista, o vereador Cabo Deyvison anunciou que vai propor um projeto de lei para descontar do salário os vereadores que faltarem às sessões sem justificativa.

A iniciativa surge no momento em que a Casa enfrenta não apenas a ausência de parlamentares, mas também uma série de escândalos e denúncias envolvendo a gestão municipal.

Esvaziamento é estratégia antiga da base do prefeito Allyson Bezerra

A tática de esvaziar o plenário não é novidade. Desde o primeiro ano da gestão do prefeito Allyson Bezerra, sempre que surge um problema grave, denúncia ou qualquer embaraço para o governo, a base governista simplesmente não comparece às sessões.

Foi exatamente o que ocorreu hoje:
Enquanto Mossoró amanhecia sem ônibus, devido ao atraso nos repasses da Prefeitura às empresas de transporte público, 14 vereadores não apareceram.
Sem quórum, a sessão foi encerrada antes de começar.

Dos governistas, só compareceram Raério Cabeção e Ozaniel Mesquita, que chegou a declarar oficialmente a impossibilidade de realização dos trabalhos.

População fica sem respostas — de novo

A sessão desta quarta-feira também seria espaço para moradores de Pedra Branca, que iriam cobrar solução para a água contaminada na comunidade.
Sem quórum, não houve debate, não houve resposta, não houve Câmara.

Novo escândalo aumenta pressão: contrato milionário sob suspeita

Para além da crise no transporte público, outra denúncia ganhou força nesta semana:
Um contrato de quase R$ 2 milhões para a decoração natalina de Mossoró está sob mira da oposição.

Segundo relato divulgado pelo próprio Cabo Deyvison, a empresa vencedora da licitação não estaria executando os serviços, que estariam sendo realizados por equipes da própria Prefeitura — um cenário que pode indicar irregularidade grave, caso seja confirmado.
https://www.youtube.com/embed/tV_ZjXbv1iA

A suspeita faz aumentar o desgaste da gestão e, segundo vereadores da oposição, motivou ainda mais o esvaziamento da base, que evita enfrentar o tema no plenário.

Salário integral, presença parcial

Mesmo diante das faltas constantes, os vereadores continuam recebendo R$ 17 mil mensais, além de toda a estrutura da Casa.
Os dias de sessão somam pouco mais de dez horas por semana — e ainda assim parte significativa dos parlamentares sequer comparece, especialmente quando o assunto envolve desgaste para o Executivo.

Para Cabo Deyvison, isso é incompatível com o compromisso público:

“Se o vereador falta, o salário tem que ser descontado. É assim em qualquer emprego. Aqui não pode ser diferente.”

Projeto quer quebrar ciclo de impunidade

A proposta anunciada pelo vereador pretende criar um mecanismo legal que obrigue o desconto automático do salário em caso de faltas não justificadas, reduzindo o que ele considera uma cultura de impunidade e omissão dentro da Casa.

A medida também busca impedir que esvaziamentos deliberados continuem funcionando como instrumento político para proteger o governo de debates incômodos.

Até quando Mossoró aceitará?

Com transporte público parado, denúncias sobre licitação milionária e reuniões encerradas antes de começar, a população de Mossoró assiste a um Legislativo fragilizado, ausente e submisso.

E enquanto os vereadores continuam faltando — e recebendo — resta a pergunta:

Até quando Mossoró vai continuar pagando caro por um Parlamento que não aparece para trabalhar?