A senadora Zenaide Maia (PSD-RN), que também é médica do serviço público, voltou a chamar atenção para o avanço da sífilis no Brasil. Em pronunciamento no plenário do Senado nesta quarta-feira (22), ela reforçou a necessidade de ampliar a prevenção, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento, especialmente no mês de outubro, dedicado ao combate à sífilis e à sífilis congênita.

Zenaide destacou que o enfrentamento da doença é uma responsabilidade que ultrapassa a área da saúde.
“O combate à sífilis não é só uma tarefa dos profissionais de saúde; é um compromisso de todos nós — gestores, educadores, famílias e cada cidadão. O tratamento é simples, eficaz e totalmente gratuito no SUS. Informação, conscientização, prevenção e tratamento oportuno são os caminhos para reduzir casos e salvar vidas. A sífilis não tem vacina, mas tem cura”, afirmou.

Crescimento da sífilis no país

Segundo a senadora, os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que a sífilis teve um crescimento expressivo nos últimos anos. Entre 2007 e 2023, foram registrados mais de 1,5 milhão de casos de sífilis adquirida. As estatísticas também evidenciam maior incidência entre mulheres pretas e pardas, reforçando desigualdades sociais que afetam o acesso à saúde.

Zenaide lembrou que não existe vacina contra a doença, mas ressaltou que a sífilis congênita é totalmente evitável desde que o diagnóstico e o tratamento da gestante sejam realizados corretamente durante o pré-natal.

A parlamentar reforçou ainda o risco da transmissão vertical — quando a mãe transmite a infecção para o bebê durante a gestação ou parto — e alertou para as consequências graves: aborto, natimortalidade e sequelas permanentes.

Atenção básica como chave para o combate

Para a senadora, o avanço da sífilis está diretamente ligado ao enfraquecimento da atenção básica no país.
“A sífilis tinha diminuído muito no Brasil, mas voltou a crescer. Precisamos fortalecer a saúde primária. É nas unidades básicas de saúde que se faz a verdadeira medicina preventiva: vacina, pré-natal, acompanhamento de hipertensos e diabéticos, além da orientação sobre ISTs”, destacou.

Zenaide defendeu que o combate à doença exige participação ativa da sociedade e autocuidado, especialmente entre gestantes e populações mais vulneráveis.

Campanhas, pesquisas e novas políticas públicas

O Ministério da Saúde lançou, neste mês, a Campanha Nacional de Enfrentamento à Sífilis, com o slogan “Sífilis tem cura – Faça o teste, trate-se e previna-se”. A mobilização orienta sobre prevenção, testagem e tratamento — todos oferecidos pelo SUS.

A senadora também citou a iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que lançou uma rede nacional voltada especificamente para a pesquisa científica da sífilis, com foco na transmissão vertical. O projeto integrará o programa Brasil Saudável, que pretende eliminar até 2030 diversas doenças socialmente determinadas, incluindo infecções transmitidas da mãe para o bebê.

No Congresso, a pauta avança: na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 483/25 propõe a criação da Política Nacional de Combate à Sífilis Congênita, com ações voltadas à saúde de gestantes e recém-nascidos, redução da mortalidade materna e infantil e erradicação da doença em todo o país.