A Câmara Municipal de Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, atravessa há pelo menos cinco anos uma crise profunda de qualidade legislativa. Desde o início do primeiro mandato do prefeito Alysson Bezerra (União Brasil), e agora em seu segundo, as sessões de terça e quarta-feira tornaram-se símbolo de submissão política, pautadas por bajulação, conflitos vazios e uma base governista que atua como extensão do Executivo, não como poder independente.

Qualquer cidadão pode constatar: basta assistir qualquer transmissão ao vivo da Câmara no período LINK AQUI. Em vez de debates qualificados, o que se vê são discursos padronizados, elogios automáticos e defesas cegas ao prefeito, feitas por vereadores que trocam autonomia por cargos comissionados e favores políticos.

O caso do vereador Wiginis do Gás expõe com clareza o método. Ao recusar apoiar a candidatura de Cinthia Pinheiro, esposa do prefeito, para um cargo político, ele foi expulso da base governista LINK AQUI. Cinthia Pinheiro, esposa do prefeito Alysson Bezerra, já foi alvo de denúncias por usar a estrutura pública para promoção pessoal, como mostra o vídeo. LINK AQUI Mesmo sem ocupar cargo oficial, ela promove reuniões internas na gestão, comportamento já apontado e denunciado publicamente por jornais da cidade.

Pressionado, Wiginis acabou afastado da base. O episódio revela a confusão proposital entre governo, família e interesses privados, marca característica da gestão.

A desorganização também se manifesta no processo legislativo. A Prefeitura constantemente desrespeita o regimento da Câmara, enviando projetos sem cumprir prazos mínimos, impedindo debate e análise técnica. Muitos desses projetos retornam corrigidos pela própria gestão, evidenciando amadorismo, pressa e falta de competência.

As sessões, transmitidas ao vivo, frequentemente descambam para o caos. Denúncias de Marleide Cunha (PT), Jailson (PL) e Cabo Deyvison são recebidas com gritos e ataques de vereadores governistas, transformando o plenário em um espetáculo constrangedor. O ambiente se deteriorou a ponto de o debate público dar lugar a cenas que mais lembram um circo político do que um parlamento.

Enquanto isso, cada vereador custa mais de R$ 17.387 mensais, além de oito assessores por gabinete — que, em tese, deveriam auxiliar na fiscalização municipal. Na prática, muitos vereadores faltam às sessões, que somam menos de dez horas semanais. E, não raramente, reuniões são prejudicadas por falta de quórum. É o retrato de uma Câmara com baixa produção, baixa presença e alto custo para o contribuinte.

O resultado é inequívoco: Mossoró vive sua pior legislatura em décadas. Uma Câmara omissa, dependente e incapaz de cumprir seu papel constitucional.

E há um ponto incontornável: essa realidade é consequência direta das escolhas eleitorais. Os responsáveis por colocar esses vereadores no plenário foram os próprios eleitores. Enquanto o voto continuar sendo entregue a quem não trabalha, Mossoró continuará pagando — e caro — pelo próprio descaso.