O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou ao ICL Notícias que a base aliada passará por uma ampla reorganização. Partidos que votaram contra a Medida Provisória do IOF — rejeitada na semana passada — perderão os cargos que ocupam no governo federal.

Guimarães classificou o gesto como necessário:
“É hora de um freio de arrumação. Não dá para conviver com partidos que controlam dois ou três ministérios votando contra uma MP dessa importância. Isso não é uma relação civilizada entre Legislativo e Executivo”, declarou.

Segundo o deputado, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já começou a discutir a redistribuição dos cargos. A movimentação promete causar um “grande rebuliço”. Guimarães destacou que Gleisi possui uma lista de postos hoje ocupados por parlamentares que contrariaram o Planalto — lista na qual ela pretende “meter a faca”, nas palavras dele.

Ele revelou ainda que estava presente na reunião em que o presidente Lula orientou a ministra a mexer inclusive no “vespeiro” da Caixa Econômica Federal. Atualmente, o comando do banco — presidência, nove vice-presidências e superintendências estaduais — está nas mãos de indicados do deputado Arthur Lira (PP-AL). Até mesmo o PL, principal partido da oposição, ocupa uma vice-presidência. PP, Republicanos e Podemos também controlam cargos estratégicos no órgão.

Mudanças também devem atingir outras autarquias e órgãos federais. O deputado citou, por exemplo, o DNOCS.

Para Guimarães, o rearranjo marca uma nova fase do governo, que até agora vinha tentando manter a convivência pacífica com partidos fora da base. A ideia, segundo ele, é que o Executivo passe a enviar menos propostas ao Congresso — “uns três projetos importantes” — e entre em modo de preparação para 2026.

O líder também lembrou que a MP do IOF foi amplamente negociada com líderes partidários e com o presidente da Câmara, Hugo Motta. Mesmo assim, várias bancadas fecharam questão contra o texto.

“Todos sabiam da importância da MP. O problema não é de Lula, é do país. O arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso impõe limites, e um governo responsável precisava cumprir a lei”, afirmou. Para Guimarães, ao votar contra, os partidos deram ao Planalto o direito de alterar os espaços de poder.

A derrubada da MP, que compensaria perdas na arrecadação do IOF, deve gerar um impacto estimado de R$ 35 bilhões nas contas públicas, segundo cálculos de governistas.